Parada
tranqüila
Passada a Ponta Negra, seguimos até a Praia de Trindade. Lá, ancoramos e fizemos
o manejo de combustível. O motor do Taturana é bastante econômico. Há um tanque
de gasolina de cerca de 32 litros logo atrás do espelho de popa, e um outro
portátil, de cerca de 15 litros. Esses dois tanques tem tubos de borracha
com terminal para fazer a conexão com o motor. A troca de um pelo outro se
faz de maneira bastante rápida, e nem é preciso desligar o motor. Para completar,
levamos um bujão com mais 20 litros de gasolina já preparada com óleo lubrificante.
Passar gasolina de um tanque para outro, porém, é uma tarefa mais delicada
e exige uma certa estabilidade do barco. E foi exatamente por isso que fomos
para Trindade. Chegamos lá por volta de meio-dia, sob um sol gostoso de fim
de março.. Com muito custo, consegui convencer o Gabriel a entrar na água.
Um bom banho de água fria é um conhecido remédio contra enjôo.
No meio do nada
Pouco depois da uma hora, já estávamos novamente navegando rumo à Ilha de
Anchieta, em Ubatuba, antes de apontar a proa do Taturana para a Ponta das
Canas, em Ilhabela. Entre Trindade e a Ilha de Anchieta, ainda enfrentamos
um pouco de vento forte. Depois da Ilha de Anchieta, o mar melhorou bastante,
e o vento deixou de nos incomodar. Passando por essa Ilha, desci para a cabine
e fiz o cálculo da navegação até a Ponta das Canas. Voltei para o convés,
apontei a proa do Taturana para o rumo obtido pela bússula e liguei o piloto
automático para manter o curso. À frente, só o que víamos era um imenso céu
cinza bem claro, fruto da pouca visibilidade que tínhamos naquele final de
tarde. O Gabriel deitou-se no banco do cockpit e eu, fiquei sentado, observando
a paisagem. Tínhamos trazido sanduíches de São Paulo para a viagem. Entretanto,
nossa partida de Angra dos Reis foi adiada em um dia e os alimentos não ficaram
em geladeira. Em vista disso, consumir aquela enorme quantidade de sanduíches
de atum com maionese, peito de peru e outros sabores me pareceu uma aventura
arriscada demais. Eles não estavam estragados, mas vocês sabem, no mar, a
segurança tem que vir acima de tudo. Por isso, resolvi dar os petiscos para
os peixes, tomando o cuidado de desembrulhar os sanduíches e não jogar o papel
alumínio no mar. Tenho certeza de que os peixes fizeram ótimo proveito. Para
matar a fome, comemos alguns biscoitos recheados de chocolate. Meu estômago
recebeu de bom grado.
Chegada na Ilha
Por volta de oito horas, avistamos a Ponta das Canas. Ela estava ali, bem
à nossa frente. Mais algumas milhas, e estávamos entrando pela primeira vez
no Pindá com o Taturana, onde acabamos encontrando a nossa poita, alugada
junto ao Seu Geraldo, um experiente pescador e profundo conhecedor dessas
águas todas que vão de Santos à Baía da Guanabara. E foi assim que terminou
a nossa primeira viagem com o Taturana.